Soja produzida na Amazônia e vendida na Europa está manchada por desmatamentos

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José M. Pìteira

Fazendas brasileiras que produzem soja na Amazônia e no Cerrado foram flagradas com desmatamentos recentes, levantando a suspeita de que o grão enviado para a Europa pelas principais exportadoras multinacionais, como Cargill e Bunge, possa estar contaminado com desmatamento. É o que aponta um relatório da Mighty Earth, obtido com exclusividade pela Agência Pública, lançado na quinta-feira (14).

O estudo identificou derrubadas de áreas nativas e degradação que somam quase 60 mil hectares ocorridas entre setembro e dezembro de 2023 em propriedades que produziram soja na safra 2022/2023 e estão localizadas em um raio de 50 km dos armazéns dos principais exportadores de soja do país.

Além de Cargill e Bunge, a lista inclui Amaggi, ADM, Cofco, LDC e ALZ Grãos. O recorte é baseado no raio que as próprias empresas informam como área onde a soja exportada é colhida e demonstra potencial contaminação das cadeias de suprimentos da soja ligadas a essas companhias.

POR QUE ISSO IMPORTA?

As principais multinacionais exportadoras de soja se comprometeram, por meio da Moratória da Soja, a não comprar o grão plantado em áreas desmatadas na Amazônia para esse fim. Relatório identificou desmatamentos recentes entre os fornecedores.

A partir da análise de dados do sistema Deter – serviço de monitoramento rápido do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que fornece alertas de desmatamento a fim de orientar a fiscalização –, os pesquisadores identificaram quase 8,5 mil hectares de área desmatada em propriedades privadas entre setembro e dezembro do ano passado na Amazônia. O montante equivale a 20,8% de todos os alertas que foram gerados pelo Deter na Amazônia Legal no período. Foram observados também nessas áreas 21,5 mil hectares degradados.

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