O estado do Pará é lar de uma verdadeira relíquia geológica: o Vulcão Amazonas, considerado o mais antigo do planeta, com impressionantes 1,9 bilhão de anos. Localizado na região de Uatumã, entre os rios Tapajós e Jamanxim, o vulcão extinto tem cerca de 22 quilômetros de diâmetro e, no auge de sua atividade, chegou a ter um cone com até 400 metros de altura.
Descoberto em 2002, o Vulcão Amazonas é hoje um fóssil geológico sem qualquer risco de reativação. De acordo com especialistas, a atividade vulcânica na região cessou há bilhões de anos, mas deixou marcas profundas que ainda ajudam a entender a história da formação da Terra e da própria Amazônia.
Durante o Paleoproterozóico — período que se estende de 2,5 a 1,6 bilhão de anos atrás — a Amazônia foi palco de intensa atividade vulcânica, provocada pela movimentação das placas tectônicas oceânicas sob a crosta continental. Segundo o geólogo Caetano Juliani, da Universidade de São Paulo (USP), esse processo foi responsável por moldar o relevo da região e contribuir diretamente para a formação de depósitos minerais valiosos, como ouro e cobre.
Estudos apontam que o sul do Pará foi uma das principais áreas dessa atividade, com vulcanismo constante por cerca de 300 milhões de anos. Morros localizados nessa área ainda escondem vestígios de antigos vulcões, que hoje são objeto de análise científica.
Pesquisas recentes, como as do Instituto de Geociências da Unicamp, lideradas pelo geólogo André Kunifoshita, revelaram caldeiras vulcânicas preservadas na chamada Província Mineral de Alta Floresta — uma área que abrange parte do Pará e do Mato Grosso. As descobertas reforçam a importância do passado vulcânico da Amazônia na formação de seus recursos minerais.
Embora extinto, o Vulcão Amazonas segue despertando o interesse da comunidade científica e reforça o papel do Brasil no estudo da geologia global. Além de sua relevância acadêmica, ele representa um importante patrimônio natural do país, símbolo da grandiosidade e da complexidade do planeta Terra.
As pesquisas continuam, apesar dos desafios de acesso à região, e prometem revelar ainda mais sobre esse capítulo fascinante da história geológica amazônica.
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