Genival Cardoso
Nesta segunda-feira, 21, o Vale do Jari viu uma cena há muito esperada: os trabalhadores da Jari Celulose voltando às atividades após um ano de paralisação. A empresa, localizada em Monte Dourado, Pará, alegou questões financeiras como motivo para a parada prolongada. Tanto em Monte Dourado quanto nos municípios amapaenses de Laranjal e Vitória do Jari, houve um movimento significativo de trabalhadores retornando às instalações da empresa.
Às margens do rio Jari, no lado amapaense, catraias transportavam os funcionários para a outra margem, onde eles entravam em ônibus destinados à fábrica, localizada no distrito de Monte Dourado, município de Almeirim. Cerca de 650 trabalhadores estão retornando nesta fase, parte de um contingente total de 2.500 que é essencial para o pleno funcionamento dos setores da Jari Celulose.
No entanto, apenas os serviços de manutenção da fábrica foram retomados nesta segunda-feira. As informações vindas do Vale do Jari indicam que as fiações e peças das três caldeiras existentes, bem como o tubo gerador do parque industrial da Jari Florestal, estão em condições precárias. A direção da empresa está trabalhando com a expectativa de que os serviços de manutenção sejam concluídos em duas ou três semanas. Após isso, os trabalhadores responsáveis pelo plantio, derrubada de árvores para obtenção de celulose e operação das caldeiras e tubo gerador serão chamados para reiniciar a produção da fábrica.
Ivanildo Quaresma Uchoa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Papel e Celulose dos Estados do Pará e Amapá (Sintracel), explicou que só será possível dar informações sobre a recuperação da fábrica após uma semana de trabalho. A paralisação da fábrica durou um ano, período em que houve roubo e danos a equipamentos, incluindo fiações.
A Jari Celulose, que faz parte do grupo Jari, enfrentou sérios problemas financeiros nos últimos anos. A Justiça do Pará aceitou o pedido de recuperação judicial do grupo, que produz celulose solúvel no Vale do Jari, em Monte Dourado. A empresa é controlada pelo empresário Sérgio Amoroso e enfrenta uma dívida total de R$ 1,75 bilhão. O presidente da Jari Celulose, Patrick Nogueira, destacou que a empresa montou uma estratégia de recuperação judicial em colaboração com os credores para reestruturar suas operações.
A juíza Rafaella Moreira Lima Kurashima, da comarca de Almeirim e do distrito de Monte Dourado, reconheceu os desafios enfrentados pelo grupo nos últimos anos, incluindo a má escolha de prestadores de serviços e problemas na conversão da fábrica de celulose. O grupo Jari emprega diretamente cerca de 700 trabalhadores e outros dois mil indiretamente. No ano passado, a pressão dos credores levou à busca de um sócio para a empresa, e parte de suas operações foi paralisada devido ao bloqueio das contas pelo Banco do Brasil.
Fotos – Jari Celulose
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